quarta-feira, 1 de agosto de 2018

10 Orações Católicas para todos os momentos

A oração é indispensável para alcançar a cura e para encontrar fé nos momentos de dificuldade. Nas horas de aflição, só a ajuda divina pode trazer calma, conforto e esperança.
Separamos 10 orações católicas para você realizar quando sentir necessidade de um ombro amigo, quando nada parecer ter solução e quando precisar restaurar sua confiança.
1ª – Consagração do Dia
“Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo, Eu vos ofereço todos os meus pensamentos, palavras, obras e ações, alegrias e sofrimentos deste dia; tudo quanto eu fizer e padecer, descontados os meus pecados, seja tudo, ó meu Deus, para vossa Glória, pelo bem das almas do purgatório, em reparação das minhas faltas e em desagravo ao Sacratíssimo Coração de Jesus. Amém”.
2ª – Oração ao Anjo da Guarda
“Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, se a ti me confiou a piedade divina, sempre me rege e guarda, governa e ilumina. Amém”.
3ª – Oração do Perdão
“Senhor Jesus Cristo, eu, pecador, não presumindo dos meus próprios méritos, mas confiando na vossa bondade e misericórdia, temo entretanto e hesito em aproximar-me da mesa do vosso doce convívio. Pois meu corpo e meu coração estão manchados por muitas faltas, e não guardei com cuidado o meu espírito e a minha língua. Por isso, ó bondade divina e temível majestade, na minha miséria recorro a Vós, fonte de misericórdia; corro para junto de Vós a fim de ser curado, refugio-me na vossa proteção, anseio ter como Salvador Aquele que não posso suportar como Juiz. Senhor, eu Vos mostro as minhas chagas e Vos revelo a minha vergonha. Sei que os meus pecados são muitos e grandes, e temo por causa deles, mas espero na vossa infinita misericórdia. Olhai-me, pois, com os vossos olhos misericordiosos, Senhor Jesus Cristo, Rei eterno, Deus e homem, crucificado por causa do homem. Escutai-me, pois espero em Vós; tende piedade de mim, cheio de misérias e pecados, Vós que jamais deixareis de ser para nós fonte de compaixão. Salve, Vítima salvadora, oferecida no patíbulo da Cruz por mim e por todos os homens. Salve, nobre e precioso Sangue, que brotas das chagas do meu Senhor Jesus Cristo crucificado e lavas os pecados do mundo inteiro. Lembrai-Vos, Senhor, da vossa criatura resgatada por vosso Sangue. Arrependo-me de ter pecado, desejo reparar o que fiz. Livrai-me, ó Pai clementíssimo, de todas as minhas iniqüidades e pecados, para que, inteiramente purificado, mereça participar dos Santos Mistérios. E concedei que o vosso Corpo e o vosso Sangue, que eu, embora indigno, me preparo para receber, sejam perdão para os meus pecados e completa purificação de minhas faltas. Que eles afastem de mim os maus pensamentos e despertem os bons sentimentos; tornem eficazes as obras que Vos agradam, e protejam meu corpo e minha alma contra as ciladas dos meus inimigos. Amém”.
4ª – Oração a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
“Deus, nosso Pai, nós vos agradecemos porque nos destes Maria como nossa Mãe e refúgio nas aflições. Socorrei-nos, dia e noite, ó Mãe do Perpétuo Socorro. Ajudai os doentes, e os aflitos vinde consolar! Vosso olhar a nós volvei e vossos filhos protegei. Ó Maria, dai saúde ao corpo enfermo, dai coragem na aflição; sede a nossa estrela-guia na escuridão. Socorrei-nos, amparai-nos e dai-nos hoje a graça que vos pedimos. Amém”.
  Oração ao Coração de Jesus
“Ó Coração Sacratíssimo de Jesus, Fonte viva e vivificante de Vida Eterna, Tesouro infinito de Divindade, Fornalha ardente de Amor divino, vós sois o Lugar do meu descanso, o Refúgio da minha segurança. Ó meu amável Salvador, inflamai o meu coração daquele Amor ardentíssimo do qual arde o vosso; derramai nele as inumeráveis graças de que o vosso Coração é a fonte. Fazei que a vossa Vontade seja a minha e que a minha vontade seja eternamente conforme a vossa!”
6ª – Creio
“Creio em Deus-Pai, todo poderoso, criador do céu e da terra, e em Jesus Cristo, seu único filho, Nosso Senhor, que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria, padeceu sob Poncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, desceu a mansão dos mortos, ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus, está sentado à direita de Deus-Pai, todo poderoso, de onde há de vir a julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, na Santa Igreja Católica, na comunhão dos Santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne, na vida eterna. Amém”.
7ª – Ladainha de Santa Ana
“Senhor, tende piedade de nós.
Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, escutai-nos.
Deus Pai celestial,
Deus filho Redentor do mundo,
Deus Espírito Santo,
Deus Uno e Trino,tende piedade de nós.
Senhora Santa Ana, rogai por nós.
Santa Ana, avó de Cristo, rogai por nós.
Santa Ana, Mãe de Maria Virgem, rogai por nós.
Santa Ana, esposa digníssima de Joaquim, rogai por nós.
Santa Ana, sogra do santo patriarca José, rogai por nós.
Santa Ana, arca de Aliança, rogai por nós.
Santa Ana, monte de Horeb, rogai por nós.
Santa Ana, raiz de José, rogai por nós.
Santa Ana, descendente de estirpe real, rogai por nós.
Santa Ana, alegria dos Anjos, rogai por nós.
Santa Ana, filha dos Patriarcas, rogai por nós.
Santa Ana, oráculo dos Profetas, rogai por nós.
Santa Ana, glória dos Santos, rogai por nós.
Santa Ana, alegria dos Sacerdotes e Levitas, rogai por nós.
Santa Ana, nuvem resplandecente, rogai por nós.
Santa Ana, cheia e cumulada de graças, rogai por nós.
Santa Ana, modelo de bendição, rogai por nós.
Santa Ana, modelo de devoção, rogai por nós.
Santa Ana, modelo acabado de paciência, rogai por nós.
Santa Ana, fortaleza da Igreja, rogai por nós.
Santa Ana, Refúgio de todos os pecadores, rogai por nós.
Santa Ana, protetora dos cristãos, rogai por nós.
Santa Ana, alívio e alegria dos aflitos, rogai por nós.
Santa Ana, Mãe terníssima das viúvas, rogai por nós.
Santa Ana, mestra e educadora das Virgens, rogai por nós.
Santa Ana, protetora eficaz dos navegantes, rogai por nós.
Santa Ana, especialíssima advogada de seus devotos, rogai por nós.
Santa Ana, luz e refúgio de todos que a invocam, rogai por nós.
Santa Ana, protetora e alimento de todos os fiéis,rogai por nós.
Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, escutai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Cristo, compadecei-vos de nós.
V. Amou Deus a Senhora Santa Ana.
R. E teve muitas virtudes”.
8ª – Oração a Nossa Senhora Aparecida
“Ó Virgem Maria, abençoada sois Vós pelo Senhor Deus Altíssimo entre todas as mulheres da Terra.
Vós sois a glória de Jerusalém,Vós sois a alegria de Israel, Vós sois a honra de nosso povo.
Salve, Ó Virgem, honra de nossa terra, a quem rendemos um culto de piedade e veneração, a quem chamamos com o belo nome de Aparecida.
Quem poderia contar, Ó doce mãe, quantas graças, durante tantos anos, Vós dispensastes ao povo brasileiro, compadecida de nossos males?
Quisemos cingir Vossa cabeça sagrada com uma coroa de ouro, que Vos é devida por tantos títulos;
continuai a dobrar-Vos benignamente às nossas preces.
Quando erguermos aos céus nossas mãos suplicantes, tantos anos, ouvi clemente os nossos rogos, ó Virgem; conservai nossas almas afastadas da culpa e, por fim, conduzi-nos ao céu.
Salvação, honra e poder Aquele que, Uno e Trino, nos fulgores do seu trono celeste, governa e rege todo o universo.
Nossa Senhora da Conceição Aparecida, rogai por nós. Amém”.
9ª – Rosário do Preciosíssimo Sangue de Cristo
Oferecimento:
“Eterno Pai, eu vos ofereço o Sangue Preciosíssimo de Jesus Cristo em desconto dos meus pecados, pelas benditas almas do Purgatório e pelas necessidades da Santa Igreja”.
Nas contas do Pai-Nosso:
“Salve Precioso Sangue, que jorrais das Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo Crucificado, e lavais os pecados de todo o mundo”.
Nas contas da Ave-Maria:
“Suplicamo-Vos, Senhor, Vos digneis socorrer os Vossos servos que resgatastes, com o Vosso Precioso Sangue”.
No Final rezar três vezes:
“Recordai-Vos Senhor, da Vossa criatura, que remistes com Vosso Precioso Sangue.
E ainda, se possível, rezar a Ladainha do Preciosíssimo Sangue”.
10ª – Oração da Noite
“Ó meu Deus, Eu Vos adoro e Vos amo de todo o coração.
Dou-Vos graças por todos os benefícios que me fizestes, especialmente por me haverdes feito cristão e
conservado durante este dia.
Ofereço-Vos tudo o que hoje fiz de bom, e peço-Vos que me livreis de todo mal. Amém”.

FESTA DA PADROEIRA 2018




















quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Resumo do Texto-base da Campanha da Fraternidade 2018

CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2018
Tema: Fraternidade e superação da violência
Lema: “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8)
Você pode adquirir o Texto-Base nas Edições CNBB:
http://www.edicoescnbb.com.br/cf-2018-texto-base/
Objetivo Geral 
Construir a fraternidade, promovendo a cultura da paz, da reconciliação e da justiça, à luz da Palavra de Deus, como caminho de superação da violência.
Objetivos específicos
01 – Anunciar a Boa Nova da fraternidade e da paz, estimulando ações concretas que expressem a conversão e a reconciliação no espírito quaresmal.
02 – Analisar as múltiplas formas de violência, considerando suas causas e consequências na sociedade brasileira, especialmente as provocadas pelo tráfico de drogas;
03 – Identificar o alcance da violência nas realidades urbana e rural de nosso país, propondo caminhos de superação a partir do diálogo, da misericórdia e da justiça em sintonia com o Ensino Social da Igreja.
04 – Valorizar a família e a escola como espaços de convivência fraterna, de educação para a paz e de testemunho do amor e do perdão
05 – Identificar, acompanhar e reivindicar políticas públicas de superação da desigualdade social e da violência.
06 – Estimular as comunidades cristãs, pastorais, associações religiosas e movimentos eclesiais ao compromisso com ações que levem à superação da violência.
07 – Apoiar os centros de direitos humanos, comissões de justiça e paz, conselhos paritários de direitos e organizações da sociedade civil que trabalham para a superação da violência. Reflexões que podem iluminar o tema da CF 2018.
VER
Dividido em 3 eixos: histórico-antropológica, sócio estrutural e manifestações Violência e suas manifestações na sociedade
01 – A violência na convivência humana
a – Definição do conceito violência
b – A violência na história do Brasil
c – Constatação da cultura da negação do outro (fenômenos: individualismos, não abertura a alteridade; criação ideológica de necessidades e felicidade, enfraquecimento dos projetos de vida, cultura do descarte)
02 – A violência e as estruturas sociais
a – Economia/ mercado
b – Acumulação do capital
c – Consumo
d – Desigualdade e violência promovida pela lógica do mercado
e – Violação dos direitos fundamentais
03 – Violência e algumas manifestações na sociedade
a – Drogas
b – Processo de criminalização institucional (negligência do Estado em relação às políticas sociais; justiça punitiva)
c – Sujeitos violentados: juventude pobre e negra; povos indígenas, mulheres (feminicídio); exploração sexual e tráfico humano, mundo do trabalho
d – Violência no contexto urbano e rural (conflito pela terra)
e – Intolerância (raça, gênero e religião)
f – violência verbal
g – violência no trânsito
h – violência doméstica
JULGAR
Dividido em 2 eixos: Sagrada Escritura e Magistério
01 – Sagrada Escritura
Mt 23, 8: Vós sois todos irmãos!
Gn 2,4-25: Harmonia do Paraíso
Gn 3, 1-24: A violência fruto do pecado do homem
Gn 4, 1-16: A morte de Abel
Gn 20- 24: Ruptura da aliança: o mal que se espalha
Jn: Livro de Jonas: o profeta em meio a violência
Sl 122 (121): Pedido de paz para Jerusalém
Mc 7,14ss: A violência presente no coração do homem
Mt 16,1-4: O sinal de Jonas
Mt 5,9: As bem- aventuranças
Ap 21- 22: A nova Jerusalém
Outras citações:
Complementos que não aparecem no texto-base da CF 2018.
Dt 21,5
Mas ela lhe disse: “Não, meu irmão! Não me faça essa violência. Não se faz uma coisa dessas em Israel! Não cometa essa loucura.
2 Sm 13,12
Davi saiu ao encontro deles e lhes disse: “Se vocês vieram em paz, para me ajudarem, estou pronto a recebê-los. Mas, se querem trair-me e entregar-me aos meus inimigos, sendo que as minhas mãos não cometeram violência, que o Deus de nossos antepassados veja isso e julgue vocês”.
1 Cr 12,17
apesar de não haver violência em minhas mãos e de ser pura a minha oração.
Is 59,6
Não se ouvirá mais falar de violência em sua terra, nem de ruína e destruição dentro de suas fronteiras. Os seus muros você chamará salvação, e as suas portas, louvor.
Ez 28,16
“Assim diz o Soberano, o Senhor: Vocês já foram longe demais, ó príncipes de Israel! Abandonem a violência e a opressão e façam o que é justo e direito. Parem de apossar-se do que é do meu povo. Palavra do Soberano, o Senhor.
Jl 3,19
Cubram-se de pano de saco, homens e animais. E todos clamem a Deus com todas as suas forças. Deixem os maus caminhos e a violência.
Mq 2,2
Até quando, Senhor, clamarei por socorro, sem que tu ouças?
Até quando gritarei a ti: “Violência!” sem que tragas salvação? Jo 14:27
Deixo a paz a vocês; a minha paz dou a vocês.
Não a dou como o mundo a dá. Não se perturbe o seu coração, nem tenham medo.
Rm 8:6
A mentalidade da carne é morte, mas a mentalidade do Espírito é vida e paz;
Fl 4:6-7
E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus.
02 – Magistério
Gaudium et spes (Cap. V)
Pacem in Terris
Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI: mensagens para o Dia Mundial da Paz
Francisco: o gesto de oração e diálogo (Com Perez e Abbas)
AGIR
Dividido em 3 eixos: Pessoa e família; Comunidade e Sociedade
01 – Pessoa e família e a superação da violência
a – Conversão pessoal e familiar à cultura da não violência.
b – Cultura da empatia: não somos adversários, mas irmãos.
02 – Comunidade e a superação da violência
a – As conquistas e experiências da comunidade eclesial na superação da violência
b – As obras sociais da comunidade eclesial como caminho para a superação da violência.
c – Promoção eclesial de uma espiritualidade que desperte para superação da violência.
d – Ecumenismo e Diálogo inter-religioso como caminho de superação da intolerância religiosa.
03 – A sociedade e a superação da violência
a – As diversas iniciativas sociais como promotoras da cultura.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Campanha da Fraternidade 2017

Campanha da Fraternidade 2017: Obrigado, irmã água

Introdução:
A Campanha da Fraternidade de 2017, mais uma vez, nos convida a entender melhor, e tratar com mais carinho, a natureza que nos envolve. Apresentando como tema “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da Vida”, ela pede nossa atenção para os diferentes biomas brasileiros e nos alerta: os biomas têm a ver com a “Vida” que, como cristãos e cristãs, somos chamados/as a defender. A questão é séria. Morrendo os biomas, morreremos com eles.
campanha-cf-2017-terra-800x321 Campanha da Fraternidade 2017: Obrigado, irmã água
Mas, perguntemos antes, quais são os biomas brasileiros? Tradicionalmente são seis: a Amazônia, a Caatinga, o Cerrado, o Pantanal, a Mata Atlântica e os Pampas do Sul. Ultimamente acrescenta-se a eles a Zona Costeira e Marinha. O que estes biomas têm a nos dizer? É provável que a Revista Vida Pastoral, nos primeiros meses de 2017, publique um artigo nosso que mostrará em detalhes “a Vida como ela é”, e como os biomas expressam em escala maior o que a Vida é em escala menor. Por onde olharmos para a “Vida”, desde a mais pequenina célula de qualquer ser vivente até o grande bioma, sempre encontraremos uma “teia partilhada”, feita inteiramente de “relações colaborativas”. Uma teia onde, como diz o papa Francisco, “tudo está interligado”. Também as sociedades humanas são expressões desta “Vida”. Ou, melhor, deveriam ser a expressão dela. Apenas o ser humano, com sua consciência, pode passar por cima da “fraternidade biológica” e, rompendo as relações colaborativas, faltar com a “fraternidade cristã”.icone-cf2017 Campanha da Fraternidade 2017: Obrigado, irmã água
Neste artigo não trataremos da “Vida” de forma genérica. Vamos olhar para o elemento da natureza que mais a sustenta: a água. Se a Campanha da Fraternidade nos pede para atuar “em defesa da Vida”, é antes de tudo da água que devemos cuidar. A Vida, como veremos, tem sua origem na água e dela depende. Iniciaremos nossa “meditação” olhando para a água como a fonte da “Vida”. Em seguida veremos o que pode ser feito para cuidar dela de forma mais colaborativa.
I – A água: fonte da “Vida”
O Planeta Terra, também chamado Planeta Água, já tem quase cinco bilhões de anos de existência. Nasceu de um espirro cósmico, de um cosmos em permanente transformação. Sua localização se provou privilegiada, nem muito perto nem muito distante do sol. Surpresas não tardariam a acontecer. No início, “Vida”, nem pensar. Não havia água, nem oxigênio, nada além de uma espécie de bola de fogo que, lentamente, esfriava. Mas, 3,8 bilhões de anos atrás, as coisas já começam a acontecer.
A crosta terrestre é impactada de cima por enormes meteoritos e de baixo por vulcões de lava e torrentes de vapor. Com o esfriamento da Terra, as nuvens de vapor se condensam e chove torrencialmente sem parar durante milhares de anos, formando oceanos rasos. A atmosfera terrestre, antes muito tóxica, agora se renova e está repleta não só de vapor de água, mas também de nitrogênio, neônio, argônio e dióxido de carbono. Especialmente os átomos de carbono vão ter uma função vital. Num ambiente propício de calor e umidade se combinam facilmente com os átomos de hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, fósforo e enxofre. Você, leitor/a, sabia que apenas estes seis átomos constituem 99% do peso seco do nosso corpo, e assim também dos demais seres viventes? O carbono é como que a mãe de toda a vida orgânica.
Pois, há aproximadamente 3,7 bilhões de anos, é da água que a “Vida” surge.1Nas ciências da Vida não há dúvida sobre isto. Existe uma espécie de “fraternidade inicial” entre os diferentes elementos da natureza. Eles se atraem entre si formando moléculas, as moléculas da Vida, em especial os minúsculos aminoácidos. Um conjunto de apenas cerca de vinte aminoácidos, ligados em cadeias que variam de algumas dezenas a várias centenas, compõem as proteínas de todos os organismos conhecidos na Terra. Na rica sopa química dos primórdios da Terra, dizem os entendidos, encontravam-se os dinâmicos “catalizadores químicos” que deram origem a pequenos “ciclos químicos”. Estes, por sua vez, sempre com ajuda da energia solar e um meio ambiente propício, formaram “superciclos”, e assim, aos trancos e barrancos, foi-se formando o primeiro “DNAzinho” que hoje, de forma aperfeiçoada, está presente em todas as células de qualquer ser vivente. A principal característica do DNA é que ele possui a capacidade de “auto-replicar-se”, quer dizer, tirar cópias de si mesmo. É o que todas as células do nosso corpo – e de qualquer ser vivente, seja planta, animal ou qualquer outro ser vivo – fazem até hoje. Auto-replicação, ou “autopoiese”, é a essência daquilo que chamamos “Vida”. Todas as células do nosso corpo se renovam permanentemente. Só para ter uma idéia: as células da nossa pele se renovam a uma velocidade de cem mil por minuto!
Embora ainda existam muitos pontos a serem esclarecidos, a microbiologia dos últimos tempos fez grandes avanços. Nos primeiros dois bilhões de anos, é o “reino” das bactérias que domina o mar e a terra. Vivemos desprezando as bactérias, mas estes minúsculos seres unicelulares são os verdadeiros artistas da Vida. Sem qualquer tipo de sexo, muitas delas podem multiplicar-se a cada vinte minutos e simplesmente transferir para outras bactérias até 15% de sua carga genética, e isto diariamente! Desta forma diversificaram-se espetacularmente. Com o passar do tempo, as bactérias aprenderam a fixar o nitrogênio do ar, a pigmentação, a locomoção, etc., tudo da maior importância para os seres vivos até hoje. Uma das primeiras técnicas “inventadas” por elas foi a da “fermentação”, através da qual transformam cadeias de carbono (açúcares!) em moléculas de ATP (adenosina trifosfato).
As bactérias que mais sucesso obtiveram foram as “fotossintetizantes”, chamadas “cianobactérias”. Sabiam, pela fotossíntese, aproveitar bem a energia solar e o hidrogênio e dióxido de carbono do ar, para transformar tudo em energia química, decompondo os açúcares e compondo as tais moléculas de ATP. São estas as moléculas que até hoje fornecem a energia necessária para movimentar os nossos músculos, intestinos e cérebros. Quando, há aproximadamente 2,5 bilhões de anos, o hidrogênio do ar escasseava cada vez mais, estas criativas bactérias verde-azuladas inventaram mais outra técnica bioquímica: captar o hidrogênio da água.
Descobriram uma fonte inesgotável. Decompunham a molécula de água (H2O), absorvendo o hidrogênio e liberando no ar o oxigênio. Até então o oxigênio do ar era quase inexistente. Mas vejam só a ousadia. Depois de encher a atmosfera de oxigênio, que subiu de 0,0001% para os atuais 21% – causando a maior poluição da história do Planeta! -, uma linhagem de cianobactérias, há aproximadamente dois bilhões de anos, inventou a respiração aeróbia. Passaram a realizar a fotossíntese, gerando oxigênio, e a respirar, consumindo oxigênio! O oxigênio se tornou, desta forma, o novo e mais poderoso dínamo do processo da Vida. Enquanto a fermentação em geral produz apenas duas moléculas de ATP para cada molécula de açúcar decomposta, na respiração com oxigênio a mesma molécula de açúcar pode produzir até trinta e seis!
cartaz-cf-2017-original-pkairos-efeito-01-329x400 Campanha da Fraternidade 2017: Obrigado, irmã águaConstatou-se nas últimas décadas que houve também um processo de “simbiogênese”.2As bactérias aprenderam a “parasitar”, colaborando umas com as outras, até fundirem-se completamente, dando origem a novas formas de Vida. Há aproximadamente dois bilhões de anos, como fruto destas simbioses, começa a surgir um novo reino, o dos “protistas”, que existe até hoje. A característica principal dos protistas é que sua célula possui um “núcleo central”, rodeado de membrana, que abriga o DNA. Debaixo da lupa podemos ver que a nova célula é uma fusão entre dois tipos de bactérias: a “arqueofermentadora” e a “nadadora”. Depois veio conviver na mesma célula, simbionticamente, ainda uma terceira bactéria, a da respiração aeróbia. A característica principal dos protistas é que têm uma vida celular muito mais complexa do que a das bactérias que não têm núcleo central.
O grande divisor do mundo vivo é entre os “procariontes”, que não possuem núcleo central, e os “eucariontes” que possuem núcleo central. Os protistas, ainda unicelulares, receberam depois ainda a companhia de uma quarta bactéria, a fotossintetizante. Com esta complexidade toda, novos caminhos de evolução se abriram. Tornando-se multicelulares, os protistas puderam, por um caminho, dar origem ao reino das plantas que, em seus “cloroplastos”, usam a fotossíntese e, por um outro caminho de evolução, ao reino dos animais e dos fungos que apenas mantiveram, em suas “mitocôndrias”, a respiração aeróbia. Ambos os caminhos, porém, foram percorridos na água. Não é sem motivo que todos os seres viventes da natureza têm em torno de 90% de água em sua composição. Uma planta, sem água, morre imediatamente. E nós, sem ingerir as proteínas das plantas, também morremos em pouco tempo. É a água que sustenta o viver.
Vejamos agora mais de perto o reino animal ao qual – querendo ou não – todos nós pertencemos. O início deu-se, novamente, na água, há aproximadamente 750 milhões de anos. Os protistas, tornando-se multicelulares, deram origem a conjuntos de células muito interligados e perfeitamente integrados chamados “blástulas”. Estas blástulas, – até hoje o início da vida humana -, evoluíram para diferentes linhagens de pequenos seres marinhos, globulares e vermiformes, que se tornaram progressivamente maiores. Desenvolveram a técnica de excretar o indispensável mas excessivo cálcio do mar – no mar o cálcio é 10.000 vezes mais concentrado do que nas nossas células -, que transformaram em esqueletos, conchas, crânios e dentes para melhor enfrentar as ondas e os predadores. Entre estes seres marinhos surge, há aproximadamente 450 milhões de anos, o Filo dos Cordados, caracterizado por um tubo nervoso central e um pequeno cérebro.
Em pelo menos uma fase da vida os cordados desenvolvem também fendas branquiais, as quais, nos seres humanos, ainda são visíveis debaixo das orelhas durante o desenvolvimento do feto. O subfilo dos cordados ao qual pertencemos é o dos vertebrados. Há 400 milhões de anos, peixes do subfilo dos cordados, providos de mandíbulas, barbatanas carnudas e pulmões – bránquias modificadas – rumaram para a costa, transformando-se nos anfíbios que formam o elo entre o mar e a terra. Como podem ver, a terra não é o nosso mais costumeiro “habitat”, mas o mar. Será por isso que todos/as gostamos tanto de um dia de praia?
Vindo para a terra, os animais não deixaram de levar consigo inúmeras lembranças do mar. Há 300 milhões de anos, os répteis de tronco primitivo, nossos antepassados distantes, começam a transplantar os anfíbios. Já inteiramente adaptados à terra, com mandíbulas fortes e pele resistente, trazem uma nova invenção biológica: o ovo (que encapsula o ambiente aquático). Pouco depois, há uns 210 milhões de anos, os répteis de tronco primitivo dão origem à Classe dos Mamíferos. Também estes apresentam, além de pêlos e glândulas mamárias, uma outra grande novidade: o útero. O útero, feito mar, preserva a vida em seu líquido amniótico. Da Classe dos Mamíferos surge, há 66 milhões de anos, a Ordem dos Primatas e, dela, há 4 milhões de anos, a Família dos Hominídeos. O cérebro inicial dos cordados, à essa altura, já se complexificou muito. Há 500.000 anos surge o Gênero Homo que dá à luz, muito muito recentemente, a Espécie Sapiens.
Somos nós, os/as “filhos/as da água”. Até hoje fazemos nossos primeiros passos cambaleantes sobre o Planeta Terra. Em muitos sentidos continuamos “irmanados/as” com a água. Espermatozóides e óvulos, como também a blástula e o embrião, sempre se encontram em um meio úmido. As concentrações de sal na água do mar e no sangue são praticamente idênticas. As proporções de sódio, potássio e cloreto nos tecidos humanos são semelhantes às do oceano. O que suamos e choramos é basicamente água do mar. Ainda pode haver dúvida que a água é a fonte da “Vida”?
II – Biomas: a “Vida” em escala maior
Biomas são grandes extinções de terra onde a “Vida” apresenta características próprias. Cada bioma possui uma identidade particular, embora não seja autônoma. Assim como cada minúscula célula viva tem uma “membrana”, resistente mas permeável, em volta de si, – é através dela que os indispensáveis elementos químicos vão e vêm -, assim também o bioma, por maior que seja, não tem uma existência isolada. As características próprias do bioma são fruto das forças cósmicas que o envolvem: a luz e o calor do sol; o ritmo das estações; os ventos fortes ou a leve brisa do mar; maior ou menor presença de oxigênio, a umidade do ar, e assim por diante. O fator principal, no entanto, – será que surpreende? -, é… a água!
Um bioma sem ou com pouca água vira um deserto; com água abundante uma Amazônia. O mundo vivo é um mundo verde. Como nós não temos a capacidade da fotossíntese, as plantas verdes fazem isto por nós. Dependemos totalmente das proteínas destas plantas verdes para sobreviver. Na “Vida”, tudo colabora com tudo. Por onde olharmos para ela, encontraremos sempre uma “teia partilhada”. Qualquer isolamento significa morte. Também os biomas são, portanto, teias partilhadas de “Vida” própria.
Por isso, em cada bioma, até os seres humanos têm características próprias, já que fazem parte da teia. Seu viver, conviver e sobreviver depende do bioma. Havendo muita água disponível, o ser humano que encontramos é o ribeirinho, o seringueiro, o pantaneiro ou, quem sabe, o castanheiro. Com menos água será um outro ser humano: o beduíno do deserto, o lavrador do cerrado, ou, quem sabe, o nordestino de traços fortes talhados pela seca. Se prestarmos atenção veremos que até o modo de falar e de pensar são diferentes, pois a mente nada mais é do que o reflexo da realidade em que vivemos. No nosso mundo globalizado e urbanizado, tudo é atravessado por uma despudorada máquina homogeneizadora, que leva à quase-extinção toda a riqueza da diversidade, mas é preciso resistir. A “Vida” depende inteiramente da riqueza de sua teia colaborativa.
III – Biomas brasileiros e a defesa da “Vida”
Quem quer defender os biomas deve defender as suas águas. Não é algo simples e a Igreja deve deixar de lado certo amadorismo com que muitas vezes trata a questão ecológica. Vejamos em primeiro lugar algumas pré-condições para a ação a fim de, em seguida, tratar da ação em si.
3.1 Ter consciência da gravidade da situação
Esta é a primeira pré-condição. Dentro e fora da Igreja há os que pregam que a batalha já está perdida e que não há retorno. Um dos mais famosos cientistas que alerta para a gravidade da situação é o inglês James Lovelock. Famoso por sua “hipótese Gaia” – que vê o Planeta Terra como um ser vivo – publicou, em 2009, o livro Gaia: alerta final (Rio de Janeira: Ed. Intrínseca, 2010). Especialista em atmosfera e profundo conhecedor do aquecimento global, o autor afirma: “Calor crescente e destruição do ecossistema florestal para prover terra arável irão continuar e apressar a conversão da floresta tropical em cerrado e deserto” (p. 86). “Uma tabela sobre a produção de dióxido de carbono em g/kWh (grama por quilowatt-hora) de energia produzida por diferentes fontes energéticas dá o seguinte resultado: nuclear 4; eólica 8; hidro de larga escala 8; safras energéticas 17; geotérmica 79; solar 133; gás 430; diesel 772; petróleo 828 e carvão 955” (p. 106).
Não é sem motivo que o autor, apesar da forte resistência mundial, prefere as odiadas usinas nucleares a qualquer outra fonte de energia. “Depois de 40 anos de geração de energia nuclear, mal existe o bastante (no caso: lixo nuclear) para encher uma única vez o Albert Hall. Comparemos essa sala de espetáculos com a montanha de 1.600 metros de altura, 19 kilómetros de circunferência de base, de dióxido de carbono solidificado que o mundo produz a cada ano. Enterrar o lixo nuclear é um problema menor, mas o rejeito de dióxido de carbono matará a todos nós se continuarmos a emiti-lo”.
Se não bastar a advertência do controvertido cientista inglês, podemos também ouvir (em entrevista ao Valor Econômico) o alerta de um brasileiro, mestre em biologia tropical e doutorado em biogeoquímica, Antonio Nobre, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. De olho na Conferência de Paris, disse, em 2009: “Temos cinco ou seis anos para impedir que uma catástrofe maior se estabeleça… Um ataque sem precedentes aos biomas, com tratores e correntões, motosserra e fogo não desperta revolta. É claro que temos que desenvolver, precisamos de agricultura. O Blairo Maggi (um dos maiores produtores de soja do mundo) perguntou outro dia se queremos árvores ou se queremos comida. É um dilema totalmente falso… A Amazônia é uma bomba hidrológica gigantesca que traz a umidade do Oceano Atlântico para dentro do continente e garante que a região responsável por 70% do PIB da América do Sul seja irrigada… Medimos o quanto a Amazônia evapora, é um número astronômico: 20 bilhões de toneladas de água em um dia.
Para ter ideia do que é este volume, o rio Amazonas lança 17 bilhões de toneladas de água por dia no Atlântico… Está-se descobrindo que a floresta é dez vezes mais importante do que se imaginava… Não é para parar com o desmatamento da Amazônia em 2015. Era para ontem. Tem que ser zero, nenhuma árvore mais derrubada. Precisamos replantar a floresta”. E, explicando como chuvas, ventos, oceanos e florestas estão interligados e por que alterar este equilíbrio pode trazer danos irreversíveis à “Vida”, finaliza: “A queima de combustíveis fósseis tem papel importante, mas a destruição dos órgãos de manutenção do clima, florestas e oceanos, é o principal fator para o descontrole global. Não adianta todos os carros virarem elétricos se continuarmos a desmatar”. A situação, portanto, é grave. Precisamos pôr as barbas de molho.
3.2 Pegar o bonde andando
Esta é mais outra pré-condição. A Igreja, infelizmente, acordou tarde para o grande desafio de preservar a “Vida” no planeta. Agora só nos resta pegar o bonde andando. Quanto às águas, o Brasil já tem uma legislação bastante desenvolvida. Infelizmente, nosso problema costuma estar mais na fiscalização e na execução do que na própria legislação. Em 1997, pela lei federal 9.433, foi lançado o Plano Nacional de Recursos Hídricos, sob coordenação do Ministério do Meio Ambiente, ficando a implementação prática sob a responsabilidade da Agência Nacional das Águas. O Plano foi oficialmente aprovado pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos em 2006. As grandes “Bacias Hidrográficas” do país foram divididas em diferentes “Sub-Bacias”, e estas, por sua vez, estão divididas em inúmeras pequenas “Microbacias”.
O Estado de S. Paulo, por exemplo, tem 21 bacias hidrográficas. Cada bacia tem o seu “comitê de bacia”, que deve ser compartilhado pelo poder público, pelos usuários, e pela sociedade civil. Objetivo: garantir a quantidade e a qualidade da água para, assim, salvar a “Vida” do bioma.
Observando o que nós fazemos nas nossas dioceses e regiões pastorais em termos de defesa da água, em geral é muito pouco. Frequentemente são ações muito isoladas que carecem de “articulação” com outras forças atuantes. Também costumam falhar por ausência de perspectiva política. Sem enfrentamento político suficientemente hábil, planos tão complicados quanto a gestão das águas costumam ficar na gaveta por anos e mais anos. Em certa fase de minha vida tive o privilégio de poder participar muito ativamente de uma ONG ambiental na “Bacia Hidrográfica Piracicaba, Capivarí, Jundiaí” (S. Paulo).
O comitê daquela bacia foi um dos primeiros e é considerado um dos melhores do estado. Ainda assim, ninguém se mexia com relação às quase 500.000 toneladas de veneno químico que (em parte clandestinamente) foram depositadas no “aterro Mantovani”, na divisa entre os municípios de Holambra e Santo Antonio de Posse. A enorme “pluma tóxica” que se formou debaixo da terra, junto aos lençóis freáticos e ao lado de um córrego, estava pondo em perigo toda a grande Bacia do Rio Piracicaba, com cinco milhões de habitantes. Quem enfrentou a questão de peito aberto foi a ONG.3 Após anos de ação persistente, mobilizando as entidades ambientais e as Câmaras Municipais da região, foi possível, com a ajuda do Ministério Público Estadual, conseguir a condenação legal das 63 grandes empresas (nacionais e multinacionais) envolvidas. Foram obrigadas a “limpar” a área. Tarefa de altíssimos custos que continua até hoje. A Igreja deve entender que não é a única instituição preocupada com a água. O bonde está passando e não vemos. Não seria melhor embarcar e atuar em conjunto?
3.3 A microbacia e a defesa das águas
Todos nós, concretamente, vivemos numa microbacia. Ela é a nossa “casa”. Numa única Paróquia podem existir muitas delas. Uma microbacia é uma pequena área geográfica; toda água nela existente, ou toda chuva que nela cair, acaba fluindo para o mesmo córrego que lhe dá o nome. Anos atrás fiz uma cartilha sobre “As Microbacias de Holambra”. Holambra é um pequeno município paulista, alimentado por 16 córregos que lhe dão “Vida”. Na capa da cartilha a seguinte frase: “Você quer salvar o Planeta Terra? Comece na sua Microbacia!” Você, prezado/a leitor/a, sabe o nome de “sua” microbacia? É aí que deve começar sua ação em defesa da Vida, como pede a Campanha da Fraternidade. O começo é sempre na nossa própria casa. Muitíssimas pequenas ações, isoladas ou, de preferência, em conjunto, são possíveis. Vejamos algumas:
3.3.1 Campanhas pelo tratamento do esgoto doméstico
Não é preciso enfatizar, o Brasil anda muito atrasado neste item. É a maior ameaça às nossas águas. No Brasil em geral, 75% do esgoto doméstico não é tratado! A qualidade da água depende principalmente da quantidade de oxigênio dentro dela. As bactérias, atraídas pelo esgoto doméstico, se multiplicam com espantosa rapidez, consumindo todo o oxigênio disponível.
Consequência: o rio (ou o córrego da nossa microbacia!) morre. Existe uma classificação nacional para a água dos nossos rios, expressa em cores, e valores de 1 a 5: 1) azul escuro: água limpíssima; 2) azul claro: OD não inferior a 5 mg/l (miligramas por litro; OD = Oxigênio Dissolvido); 3) verde; 4) amarelo: 5) marrom (OD inferior a 0,5 mg/l). É doloroso ver o mapa das nossas bacias hidrográficas e constatar que o rio vem limpinho, de cor azul, e, passando por uma cidade, de repente adquire a cor marrom. Muita coisa pode ser feita para evitá-lo. Especialmente nas áreas rurais, fossas céticas familiares e biodigestores nas empresas ajudam muito, mas a maior pressão deve ser exercida sobre as Câmaras Municipais (legislação!) e as Prefeituras (tratamento e fiscalização!). Qualquer Paróquia pode ajudar com eventos de conscientização e campanhas as mais diversas.
3.3.2 O lixo é reciclável!
Os aterros municipais ou regionais (ou então os muitos lixos acumulados na nossa microbacia!) são outra grande ameaça às nossas águas. Por acaso, nesta semana em que escrevo, tivemos um encontro com autoridades municipais e entregamos um abaixo-assinado com 1.800 assinaturas solicitando, entre outros, uma coleta seletiva mais generosa. Ouvimos que o orçamento está curto, mas alguns “ecopontos” serão providenciados. Já é alguma coisa. Façam uma vez o exercício de visitar um aterro municipal. É inacreditável a quantidade de lixo recolhido, a grandes custos. E praticamente todo lixo é reciclável! Lembrem: em cada célula viva de qualquer organismo vivo existe uma usina de reciclagem e nada é desperdiçado! Ainda há muitos aterros “a céu aberto”, infelizmente.
Outros municípios usam o “aterro em vala”, cobrindo o lixo enterrado com terra, o que é melhor. Mas um bom aterro fica a mais de 500 metros das moradias, mais de 200 metros do córrego mais próximo, e mais de 3 metros acima do lençol freático e em solo de pouca permeabilidade. Leis municipais para melhorar a situação são fundamentais. A Câmara Municipal tem aí um grande papel. Mas, novamente, a Paróquia (ou Região) pode ajudar muito, sugerindo, fiscalizando, cobrando, e, principalmente, conscientizando. Todos/as devem começar em casa, separando o lixo seco (papel, vidro, plástico, latas, etc.) do lixo orgânico (restos de comida, varredura de vegetais, etc.). Facilita enormemente a coleta seletiva que é aonde se quer chegar. A “Vida” agradece.
3.3.3 Por uma agricultura sustentável
É impressionante como a Igreja ainda vive distante dos reais pontos onde a “Vida” é mais ameaçada. No nosso país, um dos pontos mais sensíveis é a agricultura. Não existe agricultura sustentável onde não se preserva (com generosidade e muito cuidado) a mata ciliar nativa. Esta mata, com suas raízes, transforma o solo numa espécie de “esponja” que segura grande quantidade de água e não deixa chegar ao rio (ou ao córrego da microbacia!) a erosão do solo e a poluição, melhorando a qualidade e a quantidade de suas águas. Hoje, muitos proprietários rurais estão interessados em recompor a mata ciliar. Você, padre ou leigo/a de Paróquia, faça uma vez, com as crianças ou jovens das pastorais, a “campanha do plantio de mudas”, e vejam o enorme sorriso no rosto das crianças (ou dos jovens) ao sentirem que estão plantando “Vida”. Nem é preciso falar dos inúmeros defensivos agrícolas e fertilizantes químicos que são despejados numa terra que era muito mais feliz quando não os conhecia. Cabe-nos defender não o selvagem “agrobusiness”, mas, antes, a saudável agricultura orgânica e familiar (a “economia alternativa”). E sabiam que, por lei, as embalagens tóxicas usadas na agricultura devem passar por uma “tríplice lavagem” para, em seguida, serem encaminhadas a uma central de reciclagem?
Finalmente, já diz o ditado: desgraça pouca é bobagem. Desgraça das mais brabas são aquelas trombas d´água que, de vez em quando, desabam sobre nossas microbacias. É de cortar o coração. O solo perde sua camada mais fértil, a enxurrada abre verdadeiras crateras nas ruas, córregos e lagos são assoreados, um fim de mundo. As Paróquias podem ajudar muito para criar uma “vida rural” mais benéfica à “Vida”. O que mais segura as águas do solo são as chamadas “curvas em nível” e o “plantio direto na palha”. Os comitês de bacia insistem em “planos municipais por microbacia”. A chuva não respeita divisas de propriedade. As curvas em nível devem ser feitas de acordo com o desnível das terras em toda a microbacia, às vezes interligando propriedades particulares, com inclusão das estradas. Há estados e municípios que financiam estes projetos. Pressione, amigo/a, sua Câmara Municipal para que leis adequadas sejam feitas, e o/a Prefeito/a para que as fiscalize, mesmo que perca votos com isso!
Conclusão: lembremos de São Francisco de Assis
Nada do que foi dito será feito se não houver uma forte vontade interior. O que faz o ser humano agir não é o conhecimento, mas o sentimento. Na sua surpreendente Encíclica Laudato SI, o papa Francisco dedica um capítulo inteiro ao assunto. Sem a força da fé, sem uma mística, o mundo não mudará o perigoso rumo por onde enveredou. Hoje, em todos os biomas, a “Vida” está ameaçada. É grande a responsabilidade da Igreja. Nosso melhor exemplo é São Francisco de Assis. Este sim, sem conhecimentos mais profundos, entendia que não apenas os seres humanos são nossos irmãos e irmãs, mas todos os seres vivos…. e até as pedras no caminho. Ninguém melhor do que o filho de Assis para nos dizer que também a água é nossa irmã, porque a “Vida”, na verdade, está presente em tudo. Obrigado/a, irmã água! E como S. Francisco ensinava melhor quando falava em linguagem poética, permitam-me encerrar este artigo com uma poesia, feita para um “dia de campo” com agricultores:


Fonte: http://portalkairos.org/campanha-da-fraternidade-2017-obrigado-irma-agua/#ixzz4O0VQPpZ9

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Festa de São Paulo Apóstolo Itaguaí Rj

Anota aí é não esquece dia 03/07 vamos celebrar martírio de São Paulo Apóstolo e so teremos a missa às 10h nesse dia e logo em seguida da missa termos também um delicioso almoço, não fique de fora!

Festa da Padroeira Senhora Sant´Ana, Bairro Estrela do Céu Itaguaí Rj

Venha Participar Conosco do Tríduo em Honra a Nossa Padroeira Santa Ana de 23 a 26 de julho na Comunidade Santa Ana e São Jorge, Bairro Estrela do céu!, Paróquia São Paulo Apóstolo